Pisa a pé: o que é e porque é marca registrada de Portugal

Se você se interessa por vinhos provavelmente já viu, alguma vez, a clássica foto de várias pessoas de braços dados pisando uvas em lagares, em Portugal, cantando canções típicas. Trata-se de uma animada tradição que reúne produtores e turistas – sim, em tempos sem pandemia, é possível participar de uma vindima portuguesa e, em alguns casos, experimentar o mágico processo da pisa a pé .

A técnica é muito antiga e, basicamente, serve para aumentar a extração de cor, de aromas e de sabores das uvas. Vamos por etapas: o vinho é resultado da fermentação, a transformação do açúcar da fruta em álcool; antes da fermentação, nestes casos, acontece um processo chamado maceração; a cor está na casca das uvas, assim como inúmeras outras substâncias, como os famosos taninos. O que irá definir a cor do vinho é o tempo que o mosto (suco da uva) fica em contato com as películas (pele da uva).

A partir do momento em que se opta por fazer o processo de maceração desta forma, o pé “amassa” as bagas de forma delicada, sendo mais natural até mesmo que a pisa robotizada (feita por máquinas, que simulam o movimento humano). Além disso, a amplitude dos lagares, feitos de cimento ou mármore, permite que uma quantidade maior do líquido tenha contato prolongado com as cascas das uvas.

O processo tradicional perdura entre 24 e 72 horas. Quanto mais intenso e demorado, mais cores e sabores o vinho vai incorporar.

Um detalhe importante: antigamente pisava-se literalmente com os pés, mas hoje os produtores utilizam longos macacões e botas, que cobrem a perna inteira e não permitem contato com o corpo.

Quer experimentar vinhos portugueses elaborados a partir do processo da pisa a pé? Separamos alguns rótulos elaborado por João Portugal Ramos, confira!

Marquês de Borba Colheita Tinto

É uma combinação das uvas Alicante Bouschet, Aragonez, Trincadeira, Touriga Nacional, Petit Verdot e Merlot e passou por amadurecimento em meias pipas de carvalho (uma pipa equivale a uma barrica de 550 litros). É marcado pelos intensos aromas de frutas escuras, como amoras,  taninos macios e excelente equilíbrio entre frutas e acidez. A safra 2018 recebeu 90 pontos do crítico James Suckling.

Marquês de Borba Vinhas Velhas Tinto

Apresenta aromas concentrados de frutas pretas, com notas de eucalipto e especiarias, provenientes do estágio de 12 meses em barricas de carvalho americano e francês. Em boca possui excelente volume e taninos aveludados. Na composição, as uvas Alicante Bouschet, Aragonez, Castelão e Syrah. A safra 2018 ganhou 90 pontos no Robert Parker e 92 no James Suckling. A sugestão de consumo é até 2032.

Marquês de Borba Reserva

A safra 2015 ganhou 94 pontos do crítico Robert Parker. Apresenta grande concentração aromática com frutas vermelhas e especiarias. Em boca é potente, elegante e com taninos de boa textura. Amadureceu durante 18 meses em barrica de carvalho francês. É um vinho de guarda, com expectativa de consumo até, no mínimo, 2040.

Estremus

Elaborado apenas em anos especiais, é um vinho muito complexo, com aroma de frutas negras maduras, como cassis e amoras. Em boca apresenta acidez, volume e estrutura em harmonia, com final longo e elegante. Amadurece por 18 meses em barricas de carvalho francês. A safra 2015 recebeu 95 pontos do crítico Robert Parker e a sugestão de consumo é até, no mínimo, 2040.