Vinícola Filipa Pato recebe Selo Verde de Robert Parker

Enóloga Filipa Pato

A vinícola portuguesa Filipa Pato foi agraciada com o Selo Verde de Robert Parker, um reconhecimento que certifica o compromisso sustentável da renomada enóloga radicada na Bairrada.

Na busca pela sustentabilidade, a vinícola proíbe o uso de pesticidas e fertilizantes em seus vinhedos, enquanto as fases da lua orientam o manejo das videiras. Além disso, simpáticos porquinhos pretos perambulam pelos parreirais, eliminando ervas daninhas e contribuindo para a sanidade das plantas ao se coçarem nos troncos.

Essas práticas sustentáveis contribuíram para que Filipa Pato recebesse o prestigiado Green Emblem, honraria concedida anualmente pelo famoso crítico norte-americano a vitivinicultores comprometidos com a sustentabilidade.

Conhecida por produzir “vinhos autênticos sem maquiagem”, Filipa Pato e seu marido William Wouters fundamentam sua produção em práticas biodinâmicas e na manutenção de baixos rendimentos das vinhas para elevar a qualidade da bebida. Os vinhos da Filipa Pato são trazidos ao Brasil pelas importadoras Porto a Porto e Casa Flora.

“Para fazer Baga (uva tinta portuguesa) de alta qualidade, 30 hectolitros por hectare é o máximo absoluto. Em alguns vinhedos atingimos apenas 10 hectolitros por hectare. É preciso saber trabalhar bem a videira e, se praticarmos a agricultura biodinâmica, temos de estar na vinha todos os dias para sentir o que está a acontecer”, explica Filipa.

A vinícola está localizada na vila medieval de Óis do Bairro, um terroir de solo calcário na Denominação de Origem Controlada (DOC) da Bairrada, região ao norte de Portugal. Fundada em 2001, possui vinhedos em três aldeias e exibe a certificação orgânica (Ecocert) e biodinâmica (Demeter).

!Quando se trabalha com a viticultura orgânica e/ou biodinâmica existe um conjunto de operações e intervenções culturais que devemos seguir a todo custo”, diz a enóloga.

Não somente a enóloga não usa produtos químicos nos vinhedos, mas dedica-se à preservação da fauna e flora. Por exemplo, insetos benéficos, como joaninhas e cochonilhas, são usados para o controle de populações de insetos indesejados. Filipa está engajada também na inclusão de comunidades locais e respeita as fases lunares ao realizar diversas intervenções e procedimentos nas vinhas.

“Os ciclos lunares têm um dos impactos mais notáveis desde as primeiras folhas até a colheita. Um envolvimento total nos movimentos da Terra e da Lua permite intervir no melhor momento possível, o que pode compensar os caprichos do tempo”, garante a produtora.

Uma raça especial de porcos – cruzamento do pequeno porco vietnamita com o suíno português Bísaro de tamanho médio – circula nos parreirais, revirando o solo e controlando as ervas daninhas. Esses movimentos ajudam a arejar o solo, o fertilizam com seus excrementos e contribuem para a sua acidificação (os solos da Bairrada tendem a ser muito alcalinos). Ao coçarem o corpo nos troncos da videira, os animais limpam as plantas, contribuindo para a sua sanidade.

Filipa explica que não existe fórmula mágica para seus vinhos e que tudo é pura intuição: “Toda decisão de vinificação é baseada na observação, na reflexão, no sentido do presente e na visão do desenvolvimento futuro”.

Nas veias de Filipa escorre vinho. Filha do produtor icônico Luís Pato, nasceu numa família de vitivinicultores que está há cinco gerações na mesma aldeia. A vinícola tem hoje 20 hectares onde são cultivadas apenas castas autóctones – a famosa Baga para os tintos e nos brancos, Bical, Arinto, Maria Gomes e Cercial. Uma pequena vinha de 0,6 hectares chamada Missão foi plantada com Baga pré-filoxera de 1864.

O reconhecimento do crítico norte-americano foi comemorado por Filipa como “a cereja do bolo”. “Me sinto muito privilegiada por ter nascido numa região fantástica chamada Bairrada, em Portugal, e por poder trabalhar com castas improváveis, vinhas extraordinárias e condições ideais que mostram toda a expressão do nosso terroir”, celebrou.