Carménère, ame-o ou odeie-o. Uva tinta que fez a fama da enologia chilena é uma das variedades que mais divide os paladares. E a grande responsável pelos aromas e sabores polêmicos é uma substância chamada pirazina.
Esse grupo de moléculas, chamadas tecnicamente de metoxipirazinas, é muito potente e mesmo em pequenas quantidades é muito perceptível pelo nosso olfato e paladar.
Uvas ricas em pirazinas
A pirazina confere ao vinho notas de pimentão verde, aspargo, grama, ervilha e folhas. Essa substância é encontrada em muitas uvas, como Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Sauvignon Blanc, mas alcança níveis bastantes elevados na uva Carménère que, por isso, é caracterizada por esses aromas e sabores.
Questão de equilíbrio
A pirazina está ao vinho como o coentro à comida. Algumas pessoas o amam, outras o odeiam, mas na maioria dos casos é tudo uma questão de equilíbrio.
Algumas notas vegetais e herbáceas são bem-vindas no vinho, pois acrescentam complexidade, mas, quando aparecem em excesso, elas cobrem os aromas frutados da bebida e as notas de envelhecimento, tornando a bebida monótona e enjoativa.
Fatores que influenciam a pirazina
Quando a pirazina está presente em excesso, costuma-se dizer que o vinho está “verde”. E, de fato, é bem possível que a causa disso seja a falta de amadurecimento dos cachos de uva.
Diferentes motivos levam à essa situação: falta de suficiente exposição à luz solar, cultivo das uvas em regiões muito frias, rendimento das videiras muito alto, falta de poda adequada das vinhas.
Se seu Carménère, ou outro vinho tinto, cheira fortemente a notas vegetais e herbáceas que se sobrepõem a aromas frutados, é porque a safra apresentou algum problema.
Carménère bons e equilibrados
Para comemorar dia 24 de novembro em que se celebra o Dia da Carménère, essa uva francesa que no Chile encontrou terreno fértil, veja 5 Carménère equilibrados e de ótimo custo-benefício que você precisa experimentar.
Apresenta aroma de frutas escuras (cereja), notas de café e chocolate. Na boca, é encorpado e possui acidez em harmonia com seus taninos redondos. Envelheceu por 8 meses em barrica de carvalho francês e é ideal para acompanhar carnes vermelhas, massas e cozinha mediterrânea.
Um vinho chileno de alta gama, complexo e elegante. No nariz, é austero e mineral com notas de sílex, amora, casca de toranja e toques vegetais de louro, estragão, mirtilos e violetas. Em boca, é suculento, redondo e complexo, com taninos finos.
Amadureceu 18 meses em barricas usadas de carvalho francês e combina com cordeiro, carnes vermelhas, aves e massas com molhos de carnes.
A safra 2021, disponível no Brasil, recebeu 95 pontos por James Suckling.
Rótulo chileno com aromas complexos e elegantes de cravo, especiarias, frutas negras e notas de chocolate. Em boca, é volumoso, equilibra fruta e madeira, com taninos macios. Final longo e elegante.
Passou por estágio de 18 meses em barricas de carvalho francês e harmoniza com carnes assadas e grelhadas, massas ao molho de carne e comida indiana
A safra 2022, disponível no Brasil, conquistou 93 pontos pelo guia Descorchados.
Caliterra Tributo Gran Reserva Carménère
Aromas de frutas vermelhas maduras, como mirtilos, e leves toques herbais de estragão, louro e sous bois (bosque). Em boca, é fresco e frutado e com taninos macios. Amadureceu 12 meses em barrica de carvalho e acompanha lindamente carnes vermelhas assadas e grelhadas.
A safra 2022, disponível no Brasil, recebeu 93 pontos por James Suckling.
El Pacto Acordo n. 2 Carménère
A centenária vinícola Santa Carolina assina um belo rótulo com aromas de frutos negros maduros e um tom levemente herbáceo e picante. Na boca, é encorpado com taninos redondos e finos.
Mostra uma acidez surpreendente e sabores de frutas vermelhas, como cerejas, e preta, como ameixas maduras, com notas de páprica assada e especiarias, como pimenta e baunilha. Harmoniza com grelhados, assados com cozimento longo, terrines, quiche Lorraine, queijos envelhecidos.
